domingo, 10 de janeiro de 2010


_




MOVIMENTO DE RECONCILIAÇÃO COM A NATUREZA


As sucessivas crises financeiras e o acelerado desfazimento
do ambiente natural do planeta são na verdade as
duas faces de uma única realidade:
O esgotamento do modelo evolutivo pós-natural
trilhado há 10.000 anos pela espécie homo.




INTRODUÇÃO


Tudo que existe se justifica na matéria e se desenvolve segundo as leis universais. 
Newton desvendou um universo material, determinista e previsível, onde as mesmas equações da física devem ser consideradas em um sistema solar assim como na construção de aeronaves ou de montanhas russas sobre o Planeta.

Darwin desmistificou o surgimento da vida no planeta, trazendo à compreensão humana um universo vivo onde as leis naturais reinam soberanas.
Mas ao Sistema Econômico não pode ser dado o reconhecimento de Sistema de Origem Natural, seus atributos são particularizados, relacionados exclusivamente à Civilização Humana, como se a estrutura civilizada pudesse existir independente das Leis Naturais.
É sob esse conceito que a "Ciência Econômica" vem tratando o modo de sustentação humano em nossa era, como estrutura moldada em prol de um Mercado Financeiro Articulado pelos Poderosos da Civilização, à revelia das Leis Naturais.
Esse Equívoco Fatal merece ser revisto.
Não podemos deixar de considerar que a Espécie Humana evoluiu em meio a um sistema primário, parte de um sistema maior que é a Biosfera Terrestre, resultado da interação de todos sistemas vivos do Planeta Terra.
Neste contexto natural estava inserida a espécie Homo Sapiens até 10.000 anos atrás, a reposição da nossa energia animal, a base do consumo de alimentos, era feita sob um regime harmonioso, extrativista/nômade, sendo simples então compreender a existência de um sistema "econômico" natural anterior à Civilização.
Entretanto, a partir daquela época a Espécie Humana incorporou à sua evolução "Ferramentas" de comunicação verbal e de entendimento matemático que permitiram ao homem fixar-se à terra, passando a desenvolver técnicas agrícolas, pecuárias e artesanais que proporcionaram uma vantagem evolutiva dissociada do sistema natural. Surge então o Sistema PRODUTIVO, gerando o excessos na produção de alimentos e artefatos.
Desde então esse EXCESSO passa a gerar uma energia extra à Marcha Evolutiva Humana, dando origem, por volta de 5.000 anos atrás, às cidades, ao mercado, ao escambo, ao lucro , ao acúmulo, etc.
A administração e o intercâmbio desse EXCESSO marca o fim da era natural da Espécie Homo Sapiens e o surgimento de diversos sistemas não previstos na ordem original.
Inicia-se então Modelo Evolutivo "PÓS-NATURAL", alavancado por um "Sistema Financeiro" embrionário na forma de escambo, dando origem ao "MUNDO" humano, ou, em outras palavras, ao surgimento da Civilização sobre o Planeta.
Se por um lado devemos creditar ao Modelo Econômico Pós-Natural a imensa vantagem evolutiva de nossa espécie, por outro lado devemos entendê-lo como um grave desvirtuamento do sistema original da Biosfera Terrestre, permitindo que a raça humana ultrapassasse em muito a cota destinada à sua espécie na malha viva do Planeta.

Nos 5.000 anos da Evolução do "MUNDO" Civilizado expandimos progressivamente uma trilha de despojamento e contaminação do meio natural, promovendo um inchaço populacional desproporcional, conjunto de ocorrências que certamente pode ser classificado como uma Doença da Biosfera, sendo levado em nossa era, em ritmo acelerado, à fase terminal, rumo ao esgotamento definitivo da estrutura física/biológica que encontramos no Planeta.
Nossa proposta não é o retorno da espécie humana à natureza primária de 10.000 anos atrás nem em abrir mão das conquista evolutivas, nada disso, mas sim do RESTABELECIMENTO DAS COTAS DAS ESPÉCIES NATURAIS DO PLANETA.
Nesta altura da Evolução Civilizada alcançamos meios tecnológicos, materiais e intelectuais que permitem uma transição segura do atual modelo para um Sistema Econômico harmonioso, realmente sustentável, sem que haja perdas significativas das atuais condições econômicas individuais e coletivas.

O trabalho que veremos a seguir propõe o Debate e Divulgação da Necessidade do FIM DA ERA FINANCEIRA e o início de uma nova era, da RECONCILIAÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA COM A ORDEM NATURAL DO PLANETA TERRA.


DA CRIAÇÃO DO "MUNDO"

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele" (João 1:1-3).

Tomemos essa passagem bíblica não como que pronunciada por um "profeta", mas na verdade como a descrição da realidade vivenciada por um historiador primordial, um indivíduo dotado de capacidade intelectual (inevitavelmente mística) capaz de descrever o evento fabuloso acontecido em uma era remota: A "Criação do Mundo" proporcionado pelo advento do "verbo".

Vejamos, neste sentido, que a palavra grega "logos", traduzida na bíblia como "verbo", significava originalmente PALAVRA FALADA.

E o Princípio - o surgimento da PALAVRA FALADA - quando Todas as coisas do domínio humano (Mundo) foram nomeadas (criadas), aconteceu há aproximadamente 30.000 anos, percebida mais claramente a partir dos últimos 10.000 anos.

Iniciou-se, a partir de então, uma nova era para a espécie (natural) humana, a era da "CRIAÇÃO DO MUNDO", que vem a ser o Universo Verbalizado Humano, relacionado ao conjunto de seus domínios, interesses e necessidades

A existência humana, a partir de então, não poderia mais ser simplesmente vivenciada, precisava agora ser contemplada e explicada pela PALAVRA.

O homem se depara então com uma realidade maior, a da EXISTÊNCIA DO PRÓPRIO UNIVERSO, onde tudo está contido e de onde tudo origina. Este é o PAI.

Existiam realidades decorrentes, ligadas à Natureza Terrestre. Estes eram seus Filhos e Filhas.

E assim a PALAVRA "Criou o Mundo", habitado por Deuses e Semi-Deuses. 



A CAVERNA MÍSTICA



A conclusão que chegamos é que a "Criação do Mundo” por meio do verbo há 10.000 anos é de fato a descrição "literal" de um acontecimento.

A palavra DE FATO criou o “Mundo”, que vem a ser o Universo Verbalizado Humano, e "Todas as coisas (do domínio deste Mundo abstrato) foram feitas por meio dela".

Antes da "Criação do Mundo" o cérebro da Espécie Natural Homos Sapiens funcionava da mesma forma que o cérebro de todo e qualquer mamífero, processando informações em apenas dois planos de existência - um objetivo e outro abstrato - estando desta forma integrado ao meio como agente passivo, respondendo e interagindo aos estímulos recebidos.

O advento da PALAVRA fez emergir no cérebro da Espécie Humana um novo plano - o plano consciente abstrato - e passa a espécie a transitar, por meio da palavra, como agente ativo no seu plano abstrato, criando para si um universo metafísico (microcosmo), uma "realidade particular abstrata" sobreposta à realidade física natural.

Ao se transformar em agente ativo e consciente, passa a Espécie Humana a interferir e modificar o meio físico que o circunda, modificando, por consequência, também a correspondente estrutura física cerebral, acrescentando as interações neurais que passaram a dar suporte ao plano subjetivo consciente, UMA FORMIDÁVEL CONQUISTA EVOLUTIVA DA ESPÉCIE.

Da "criação do Mundo" até os dias de hoje (pouquíssimo tempo evolutivo passado) muito se avançou na transformação física do Planeta e no aproveitamento das interações neurais que dão suporte ao plano subjetivo consciente, proporcionando o acúmulo de conhecimento  científico que nos conduziu a importante era tecnológica que vivenciamos em nossos tempos.

Por outro lado, pouquíssima coisa se avançou no que diz respeito ao auto-conhecimento humano. Já fazem 400 anos que se encerrou uma era de tirania religiosa no "Mundo" Ocidental, mas ainda hoje para quase totalidade de indivíduos, a origem, existência e o destino da espécie humana, ainda encontram explicações na mística religiosa.

Desta forma, percebemos nossa civilização como um “Mundo Mágico” administrado por elementos "não materiais" de difícil acesso à nossa cognição, e passamos a buscar as verdades existenciais no "Mundo das Representações".

No entendimento generalizado (até mesmo para os mais intelectualizados), ainda se atribui a existência do plano abstrato consciente humano à um "milagre divino", não nos demos conta de que o advento da "Palavra Falada" não passou da incorporação, ao grupo humano, de um instrumento evolutivo natural.

Para quase totalidade dos indivíduos humanos nosso acesso a esse plano consciente (diferenciado dos demais seres vivos do Planeta) é uma prova de manifestação divina, que nos qualifica como representantes eleitos, "Criados" a imagem e semelhança de uma entidade mágica, e que antes da "Palavra Falada" nada existia.


MAS QUEM REALMENTE SOMOS ? 



Como vimos, somos Seres Naturais levados a um "Plano Abstrato Consciente" pela Palavra

Devemos, pois, descartar qualquer possibilidade de existência "não natural" que não seja a que veio ocorrer com o advento da "Criação do Mundo" (Civilização) e do Homem Civilizado (homo sapiens Pós-Natural).

Devemos entender a vida como uma das possibilidades do universo, uma propriedade física/química da matéria sob determinadas condições, e que todos seres vivos são feitos da Matéria do Universo, da poeira das estrelas, e produto de uma evolução bilenar.

Trataremos então de estabelecer como se deu a linha evolutiva da Espécie Humana no Planeta.

Vamos entender o Homem como uma Espécie Natural, inserido dentre as diversas Espécies Naturais, onde até algumas poucas dezenas de milhares anos atrás fazia parte da malha de competição, sendo hora alimento, hora predador, concorrendo para o equilíbrio do Sistema Vivo do Planeta, que resulta, em última análise, na Biosfera Terrestre.

Admitida a origem natural da Espécie Humana, somos levados a admitir um Processo de Hominização, qual seja, da passagem do ser natural inserido no ambiente natural, para o ser pós-natural, inserido no que viemos a chamar de Civilização.

Mas antes temos que compreender que a trilha evolutiva das espécies naturais sobre o Planeta foi longa, se produzindo gradativamente no transcurso de milhares de milhões de anos, e, assim sendo, a caminhada dos ancestrais Humanos galgou etapas de partilhas evolutivas com as espécies que se fixaram em estruturas mais simples, como veremos a seguir.



EVOLUÇÃO PRIMÁRIA


O surgimento da vida no Planeta Terra data de 3.5 Bilhões de anos. Nos primeiros 3 bilhões de anos só existia vida unicelular no Planeta, portanto, somente nos últimos 500 milhões de anos, após a era da explosão cambriana, passa a evoluir na Terra a matéria viva multicelular.

Num primeiro momento evolutivo desses 500 milhões de anos nossos ancestrais nadaram e rastejaram pelo Planeta, dividindo espaço com os peixes, anfíbrios e répteis que se estabeleceram nesta etapa evolutiva.

Inicia-se nesta era o ciclo da evolução sensitiva, que resultou na formação de um centro nervoso cerebral nas espécies vertebradas, funcionando sob o circuito básico de "estímulo-processamento-resposta" onde atuam dois componentes fundamentais; um objetivo (o meio), outro subjetivo (as sensações).

Neste esquema se estabelece o "Tronco Cerebral", a estrutura mais antiga do cérebro dos animais vertebrados, e, até hoje, a única estrutura cerebral existente nos peixes, anfíbios e répteis.

Essa estrutura cerebral primária, também conhecida como Complexo Reptiliano, é responsável pelas funções neurais básicas, de comportamentos involuntários (não acessíveis à mente consciente) tais como a auto preservação, a reprodução e perpetuação da espécie, regulação cardiovascular e respiratória, o comportamento agressivo, de luta ou fuga, a demarcação territorial, etc.

Há aproximadamente 130 milhões de anos distinguem-se os ancestrais comuns às espécies mamíferas.

Nesta época, adicionado à estrutura primária do tronco cerebral já poderia ser observado no cérebro mamífero o sistema límbico, correspondente a expressão de comportamentos e emoções primárias, tais como medo, raiva, prazer e outros.

Por fim, sobreposta as duas primeiras partes, evoluiu o neurocortéx, relacionado a regulação de noções e comportamentos mais refinados, tais como noções espaciais e outras funções complexas, como da memória e as ligadas aos sentidos.

Essa estrutura cerebral, denominada "Cérebro Trino" ou "Tri-único", formulada pelo Neurocientista Paul MacLean, é preservada em funcionamento e é comum a todas espécies mamíferas, tornando-se progressivamente mais desenvolvida nos mamíferos mais evoluídos, como nos chipanzés, golfinhos e, especialmente, nos Humanos.


EVOLUÇÃO HOMINÍDEA


No que diz respeito a espécie humana, podemos estabelecer alguns marcos evolutivos importantes que gradativamente concorreram para o processo de hominização.

O primeiro marco a ser destacado se da há aproximadamente 20 milhões de anos. Nesta fase nossos ancestrais primatas passaram de uma vida arbórea e quadrúpede nas florestas, para uma vida terrestre e bípede nas savanas africanas, livrando as mãos para outras tarefas.

Nesta época distinguem-se diversas espécies hominídeas, caçadores e guerreiros implacáveis, das quais, de conflito em conflito, prevaleceu a espécie hominídea dos humanos modernos.

A alteração biológica seguinte se dá há aproximadamente 5 milhões de anos exatamente como consequência do bipedalismo aliado ao clima quente da savana africana, que levaram a linhagem Humana a aumentar o tamanho do cérebro.

Isso porque, além da complexidade motora, a postura ereta e o bipedalismo não são fisiologicamente muito eficientes, já que necessitam de maior gasto de energia, obrigando a estrutura cerebral Humana criar circuitos suplementares para controle do calor excessivo, gerando a expansão da caixa craniana.

Adicionada a condição de cérebro aumentado à privilegiada visão humana estereoscópica (a habilidade para ver em três dimensões), temos concluída, há cerca de 120.000 anos a evolução natural da espécie humana.

A estrutura física Humana a partir desta época seria a mesma que conhecemos hoje. A evolução física, a partir de então, se relaciona apenas ao processo das interações neurais provocadas pelo desenvolvimento de aspectos sócio-culturais.


O PROCESSO DE HOMINIZAÇÃO


Há cerca de 30.000 anos surgem os primeiros registros fósseis do homo sapiens, classificação definitiva de nossos antepassados naturais imediatos.

Nesta fase a estrutura cerebral humana já apresentava um sistema altamente complexo e extremamente bem sucedido.

O grupo humano começa então a dar soluções às fragilidades surgidas em sua trilha evolutiva, em especial quanto ao retardo no processo de maturação de suas crias, incorporando ao grupo diversos aspectos sociais que seriam emblemáticos no ser civilizado, tais como a distribuição de tarefas, a partilha de alimentos, etc.

Sem nenhuma dúvida, entretanto, o maior avanço no processo de hominização acontecido nesta época se dá devido a posição da laringe associada à emissão de sons. Surge então o Instrumento Evolutivo que iria revolucionar a trilha humana, a - PALAVRA FALADA - possibilitando a verbalização do "Universo Subjetivo" e o aprimoramento das habilidades cognitivas naturais.

A partir de então o processo evolutivo torna-se célere.

O divisor claro da passagem do ser natural para condição de Homem Moderno se dá há 10.000 anos, quando a espécie humana passa a administrar um sistema de comunicação verbal mais evoluído e um entendimento matemático básico que permitiram ao homem fixar-se à terra, possibilitando o desenvolvimento de técnicas agrícolas, pecuárias e artesanais.

A partir daí o ser humano rompeu definitivamente com a ordem natural do Planeta, substituindo o Sistema de Sustentação Nômade - coletor/caçador - por um Sistema Produtor - Plantador/Criador passando a gerar Excedentes Produtivos.

Havendo especialização e excedentes nas produções individuais, surge a necessidade da troca de mercadorias entre os produtores, estabelecendo, assim, um novo modo de sustentação da espécie, que veio a ser chamado de SISTEMA ECONÔMICO.


O CONTRATO SOCIAL

Por volta de 7.000 anos atrás, com o desenvolvimento do Sistema Econômico, se estabelecem os Mercados implementados pela prática do ESCAMBO.

Sendo bem sucedido esse novo modo de sustentação, surgem as primeiras cidades, gerando a necessidade de organização social, dando origem a Civilização Humana propriamente dita.

Isso por que uma Civilização precisa de organização política formal, onde o governante é investido de um poder outorgado pelo interesse do grupo, assumindo a obrigação de coagir e aplicar sanções aos marginais, perturbadores do sistema.

Ao renunciar aos seus instintos básicos de auto-defesa, agressão e luta, outorgando o monopólio do uso da força a um Governo Centralizado, transforma-se o ser natural, em homem civilizado, partícipe de um CONTRATO SOCIAL.

Assim sendo, o Modelo Econômico, baseado no escambo, foi a condição básica para surgimento das Civilizações e do estabelecimento de um CONTRATO SOCIAL, que se contrapunha, exatamente, ao ESTADO NATURAL anterior.

A partir de então o CONTRATO SOCIAL marca o fim da era da EVOLUÇÃO NATURAL, e determina o início da era da EVOLUÇÃO PÓS-NATURAL (ou Civilizada) Humana.

 O SISTEMA FINANCEIRO

Com a organização social e o crescimento das cidades o homem passa a eleger alguns produtos, aceito por todos, como referencial para troca de mercadorias, com destaque para os animais, o sal, tecidos, metais preciosos, dentre outros.

O comércio intermediado por produtos funcionou até a idade média, época em que o principal bem econômico era a posse de terras e da produção agrícola/pecuária.

No século XV os metais preciosos assumiram importante papel no comércio de mercadorias, mas a sua guarda preocupava a população.

Ganha destaque, então, a classe dos ourives, mercadores de ouro e prata que guardavam os metais nobres para não serem roubados, emitindo como garantia um “Recibo de Custódia” que passou a ser aceito como moeda de troca nos mercados. 

Da estirpe desses comerciantes se estabeleceu, por volta do século XVII, a classe dos banqueiros, que, 100 anos depois, por meio da impressão gráfica, passou a emitir de todo tipo de documento de "promessa de pagamento futuro", com cobrança de juros, utilizando na intermediação o seu principal produto, o dinheiro de papel tal qual conhecemos hoje.

Temos então que o sistema econômico pós-natural se estabeleceu há 10.000 anos, decorrente produção de excedentes, e que até a idade média o “dinheiro" era a própria mercadoria, havendo, portanto, rígida paridade entre os produtos trocados.

Entretanto, através do comércio de "pagamentos futuros" com cobrança de juros, ocorrido há 300 anos, passa o dinheiro a ser produto do próprio dinheiro, instalando-se no Planeta uma verdadeira “roda da fortuna” invertendo a situação natural, passando agora o Sistema de Produção, a Sociedade e os Estados a funcionar subordinados a um todo poderoso MERCADO FINANCEIRO.

Logo o comércio do dinheiro se alastra pelo Planeta na forma de Empréstimos Internacionais escravizando nações inteiras, gerando a paranóia desenvolvimentista da corrida pelo crescimento dos negócios e dos PIBs das nações.

A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA


Temos em decorrência que a partir da Expansão Marítima e da Revolução Industrial iniciada há 200 anos na Europa, dá-se início a era da “EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA”, impulsionada no contexto do aproveitamento de farta mão de obra barata nos Paises mais pobres e de grandes mercados consumidores nos Paises ricos.


Atualmente os sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferência de "Valores Virtuais" quase em tempo real. A Globalização do Poderoso Mercado Financeiro forneceu condições para o surgimento nos últimos 50 anos de Grandes Corporações que produzem e fornecem seus produtos nas mais diversas partes do Planeta.

A população mundial que era de 1.5 bilhões de pessoas no ano de 1.900, passou a 2.5 bílhões 50 anos depois e quase triplicou nos 60 anos seguintes. Atualmente já somos 7.3 bilhões de pessoas sobre o Planeta.

O levantamento "Foresight Report on Food and Farming Futures", concluído em 2011, previa que nos próximos 20 anos a população Mundial chegará perto dos 8.5 bilhões de pessoas, havendo a necessidade que a produção global de alimentos cresça em 40%, o fornecimento de água potável em 30% e de energia em 50%.

Para evitar o “aumento da fome” o estudo recomenda a interferência Humana no meio ambiente, em diversas frentes, com implemento de técnicas exóticas, tais como modificações genéticas, clonagem e nanotecnologia.

Não foi divulgada a solução encontrada para o aumento em mais 30% da água potável existente no Planeta, produto cada vez mais escasso e de difícil distribuição.

Mas o número mais alarmante continua sendo o referente ao ritmo acelerado de crescimento da população mundial, trazendo como consequência não só o "aumento da fome", mas também da pobreza, do desemprego, da marginalidade e demais tragédias humanas.

Considerando que o crescimento da população continuará em ritmo acelerado indefinidamente fica claro que algo tem que ser feito DE IMEDIATO, pois o atual Modelo Econômico tende a não se sustentar sequer a curto prazo.


MOMENTO DE REFLEXÃO

Neste pondo devemos recordar a origem Humana como espécie natural do Planeta, inserida dentre as diversas outras espécies naturais, partícipe da malha de competição natural, concorrendo para o equilíbrio da Biosfera Terrestre.

Entretanto, conforme se pôde ver na sequência evolutiva, o Sistema Humano começa a deixar de apresentar conformidade com a realidade material do planeta a partir de sua Fase "Pós-Natural", ficando seriamente comprometido com o incremento do MERCADO FINANCEIRO há aproximadamente 300 anos, fato que vem se agravando de forma exponencial nos últimos 50 anos, trazendo previsões sombrias para os próximos 20 anos.

Deve ser considerada então ambiguidade da evolução da Espécie Humana que envolve dois momentos distintos, o natural e o pós-natural.

Mas a memória da nossa civilização não se reporta a fase natural da espécie, e desta forma desconsideramos que a passagem da Espécie Homo Sapiens - predador e guerreiro implacável - para era Civilizada, foi pacificada por meio de um CONTRATO SOCIAL estabelecido a partir do EXCESSO DE PRODUÇÃO, em nosso tempo lastreado justamente pelo Mercado Financeiro em questão.

Qualquer ruptura do Sistema Econômico/Financeiro em vigor equivaleria a RUPTURA DO PRÓPRIO CONTRATO SOCIAL, levando o (descomunal) grupo humano ao retrocesso de comportamentos de consequências imprevisíveis.

O grande desafio, desta forma, será o de nos anteciparmos ao desastre iminente, eliminando esse Modelo Financeiro Comprometido sem que seja dada Solução de Continuidade à Gigantesca Ordem Econômica Vigente, principalmente no que diz respeito à produção e distribuição de alimentos que sustenta perto de 7 bilhões de indivíduos sobre o Planeta.
 

UM NOVO MODELO ECONÔMICO
 
Recapitulando, temos que o sistema de sustentação natural da espécie humana, coletor/caçador, foi substituído, na fase pós-natural, pelo modelo produtor, plantador/criador, que veio a ser conhecido como Modelo Econômico.

Modelo Econômico é basicamente um sistema de produção, armazenamento, distribuição, consumo ... produção, armazenamento, distribuição, consumo .... tudo de novo, de novo e de novo, num ciclo permanente.

Esse sistema não é exclusivo da espécie humana, toda a natureza ao nosso redor pratica sistemas análogos e complementares, e a interação dos diversos sistemas de sustentação dos seres vivos resultam no Sistema Maior, da BIOSFERA TERRESTRE.

Se o Modelo pós natural, estabelecido há 10.000 anos, já possuía o defeito de não estar Inserido na Malha de Cooperação e Competição dos Sistemas Vivos do Planeta, por ser um Sistema Autônomo, de crescimento LINEAR, o incremento do Mercado Financeiro, ocorrido há 300 anos, negociando riquezas virtuais - inexistentes no tempo presente - resultou em extrapolar o crescimento do modo de sustentação humano para razão EXPONENCIAL

Chegamos assim, em nossa era, ao limite o esgotamento dos recursos naturais, não havendo mais espaço nem para a desproporcional quantidade de “Seres da Espécie Humana” na malha viva do Planeta, nem para extração natural, produção industrial e descarte de resíduos.

É chegada a hora então de dar solução a esse Modelo (Re)Artificializado, cujo combustível é o aumento da produção, da taxa de natalidade, do consumo, do desenvolvimento industrial, mercados futuros, juros, financiamentos, etc., ou seja, um sistema que é incapaz de sobreviver sem a constante produção de EXCEDENTES e riquezas futuras.

Só não conseguimos conceber um "Mundo" com uma outra economia por que a memória humana não retroage a fase anterior ao verbo, ou seja, a Civilização e seu Modelo Econômico são padrões "CRIADOS" ao mesmo tempo - por meio do "VERBO" - há 10.000 anos.

Assim sendo, quando nascemos já encontramos um “MUNDO” pronto, em funcionamento, somos então adaptados, treinados, enquadrados, catequizados e inseridos em um CONTRATO SOCIAL que nos obriga viver dentro dos limites civilizados estabelecidos, o que nos leva a acreditar que não exista outro modo de vida ou outra alternativa Econômica.

O questionamento que se impões é o seguinte:

Ainda existe possibilidade da Reconciliação da Espécie Humana com o Sistema Natural do Planeta Terra? Ainda existe a possibilidade do Restabelecimento das Cotas das Espécies Naturais do Planeta?

O objetivo do presente trabalho é divulgar a necessidade de se buscar alternativas racionais para Modo de Sustentação humano - evitando a solução de continuidade da atual estrutura econômica, preservando o glamour da nossa existência, as conquista tecnológicas, mas principalmente visando a PERPETUAÇÃO DA NOSSA ESPÉCIE.

Diversas crises financeiras já vieram e - se nada for feito - outras etapas ainda virão até que chegue a crise financeira definitiva.

Temos que ter claro que precisamos de um Modelo Econômico que sustente a nossa espécie, mas não desse Sistema Econômico atrelado a um MERCADO FINANCEIRO PARASITÁRIO, dependente de "excessos", da ganância capitalista visando lucro a qualquer custo, em completo descaso com as tragédias sociais e ambientais inerentes ao sistema.
.
Procuramos demonstrar, então, que o Sistema Econômico tem origem natural, e é necessario, devendo apenas ser apartado desse Mercado Financeiro Doentio e redimensionado (regredido) para uma condição harmônica à estrutura primordial do planeta - aí incluída a espécie humana como partícipe original.

Concluímos reafirmando que UM MUNDO SEM MERCADO FINANCEIRO pode ser concebido e posto em prática pela racionalidade humana, não devemos permitir que a IRRACIONALIDADE do Sistema Vigente continue a tomar as rédeas da nossa Civilização, nos conduzindo, em ritmo acelarado, para a tragédia que se anuncia.
 
SERIA UTÓPICO ?


Aos que rotularem como UTÓPICO a possibilidade da implantação de um novo sistema, quero lembrar que utopia refere-se a um hipotético sistema de gestão BENÉFICO, porém desprendido das possibilidades reais.

O atual Sistema de gestão da Espécie Humana, conforme visto, é um sistema MALÉFICO, da mesma forma desprendido das possibilidades reais.

Portanto já nos encontramos em situação desprendida das possibilidades reais, o que se pretende é transitar de um sistema artificial para um outro sistema artificial, porém não danoso.

Na verdade, afastada a Mística, é importante reconhecer que o Plano Consciente trazido pela Palavra elevou a espécie humana ao nível “Sobre Natural" do livre gerenciamento do meio físico do Planeta, e que é chegada a hora de direcionar essa supremacia a uma Administração Responsável, Tecnicamente condizente com a Leis Universais.

Afinal, não vivemos em um "Mundo Mágico".



MOVIMENTO DE RECONCILIAÇÃO
COM A NATUREZA

 
Finalizamos reafirmando nossa convicção de que Todo Sistema deve apresentar conformidade com as Leis Universais, e que o atual modelo de sustentação humana, atrelado a um Sistema Financeiro Dependente de Excessos, encontra-se à revelia da Ordem Natural do Planeta.

Por todo exposto, ALGO TEM QUE SER FEITO DE IMEDIATO, e o nosso trabalho busca engajamento e o amplo debate da matéria, com vistas a conferir visibilidade e credibilidade à proposta de "UM MUNDO SEM MERCADO FINANCEIRO", que será o primeiro passo para um projeto ainda maior, O Movimento de Reconciliação com a Natureza, programa de médio prazo para recuperação e revitalização dos Biomas das diversas regiões ecológicas do Planeta, visando o Restabelecimento das Cotas das Espécies Naturais, resultando no refazimento da estrutura da Biosfera Terrestre para condições próximas da que encontramos há 10.000 anos.

Afinal o “MUNDO” não precisa acabar  em alguma CRISE FINANCEIRA dos próximos anos, a vida Humana no Planeta Terra poderá prosperar por Milhares, Milhões, ou quem sabe, Bilhões de anos, visto que o nosso Sol tem “combustível” para manter as condições necessárias à manutenção de uma BIOSFERA SAUDÁVEL por ainda, pelo menos, 4 Bilhões de anos.


Divulgue citando a fonte

7 comentários:

  1. Muito bom, interessante o "leque" do seu pensamento. Concordo que seria maravilhoso se a humanidade entendesse e fizesse um outro "acordo social", mas vejo por outro lado que existem coisas inevitáveis e um preço à pagar pela "loucura" social construída, tecida por interesses e ideologias sempre...digamos com um "horizonte menor"...egoísta.
    Acredito na renovação das coisas!

    ResponderExcluir
  2. Muito interessante esta sua postagem é de sua autoria?

    Realmente eu também creio que o sistema econômico atual caminha rumo ao seu próprio abismo, onde os que ficam fora dele são apenas os poderosos que controlam o grande rebanho dos alienados.

    É amigo eu compartilho de ideias que também fogem ao comum, tenho uma postagem em meu blog sobre a escravidão moderna, aho que você deve conhecer.

    Dê uma passada em meu blog, e gostaria que você me autorizace em poder postar este seu pensamento em meus artigos, colocarei a fonte de origem.

    Att: www.falsosmoralismos.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esse "falsosmoralismos" é bem sem noção pelo caráter preconceituoso em muitos casos, em particular aos LGBTs.
      Obs.: os 2 "anônimos" de 2014-07-06 às 18:47 e outro às 18:57 são de minha autoria. Copyleft HeDC.MarceloDC.Desenvolvedor.

      Excluir
  3. O próprio capitalismo já está se habituando com a ideia de "se reinventar para não quebrar", então a longo prazo, algo nesse sentido acabará sendo feito, e provavelmente incorporarão ideias parecidas com as desse texto.

    O "lado sombrio" da questão é que, mesmo que fosse implantado um sistema econômico pós-financeiro, o desejo de acúmulo e diferenciação são inerentes ao comportamento humano, alguma forma de fraude os desonestos iriam criar para se sobressaírem.

    Acredito que esse "aparelho ideológico" vai acabar sendo incorporado ao sistema que já existe. Chegarão à formas de acabar com a miséria em nível mundial, e a própria revolução educacional vai gerar parcimônia e respeito pela natureza mesmo nas comunidades onde hoje as pessoas apenas se reproduzem loucamente, ignorantes das consequências econômicas e sociais do descontrole.

    De todo jeito, excelente reflexão. Temos que repensar esse mundo. Agora.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A questão é que essa "reinvenção do Capitalismo" pode ser mais demorada que o colapso que a Humanidade caminha. E tudo indica que será mais demorada... Quando os poderosos perceberem que a INSUSTENTABILIDADE estará grande será tarde demais por melhor que sejam as ações a exigirem.
      As próximas gerações vão sofrer MUITO com o colapso de inúmeros ecossistemas, caos ambiental e afins.
      Espero estar enganado, mas a História mostra que a Humanidade só age quando ocorre EXTREMOS. Conheçam a história da ilha de Páscoa: é o que vem ocorrendo com a Terra em escala bem maior.

      Excluir
  4. A organização da vida gerou muita desordem ambiental, agora a vida será sufocada pela desordem ambiental e climática.
    O caos gerou ordem, e a ordem vai gerar caos. vence a entropia.

    ResponderExcluir
  5. Ótima leitura. Mas há um adendo: o Mercado Financeiro é tipicamente algo moderno, mas a DETURPAÇÃO do uso do dinheiro já vem da Antiguidade com a USURA. Dineiro pelo dinheiro para o dinheiro. E haviam os que condenavam essa prática.
    Seria interessante inserir isso nessa análise.

    ResponderExcluir